Logotipo Instituto Brasileiro de Fluência - IBF
IBF - FacebookIBF - TwitterIBF - Youtube

PESQUISE  

Componente de inseticida pode causar gagueira - 2

Criança escovando seu próprio cabelo
13/04/2020

Componente de inseticida pode causar gagueira

Foi publicado um relato de caso em que a gagueira de uma criança foi atribuída à intoxicação por piretrina.

A piretrina é extraída das flores do crisântemo. É utilizada como inseticida, inclusive fazendo parte de medicações para pediculose (piolhos) e escabiose (sarna). É considerado um inseticida seguro, com baixa toxicidade para o ser humano.

O caso relatado refere-se a uma família em que todos os membros estavam com piolhos. Todos receberam tratamento tópico com uma medicação à base de piretrina. Entretanto, um dos membros da família (uma menina de 2 anos) foi tratada com doses excessivas de piretrina, porque recebeu tratamento três vezes ao longo de 12 dias, sendo que o recomendado é um tratamento a cada 7-10 dias. Além disso, ela também estava abaixo da estatura e do peso para sua idade. Para completar, ainda era amamentada e sabe-se que a piretrina também pode estar no leite materno. Aproximadamente dois dias após o último tratamento, a menina começou a gaguejar. Os pais referiram que ela nunca havia apresentado gagueira anteriormente.

A piretrina costuma ser facilmente metabolizada pelo fígado e secretada na urina. No caso da menina, vários fatores devem ter contribuído para a neurotoxidade: o excesso de tratamentos tópicos, a ingestão via leite materno e o fato de ser pequena para a idade.

Os efeitos neurológicos ocorrem devido à atuação da piretrina nos canais de sódio e cloro dos neurônios. O potencial de ação baixa e começam a haver disparos sucessivos. Tremores e alterações de reflexos são sintomas típicos de intoxicação por piretrina.

A gagueira da menina durou 6 semanas. Provavelmente ela precisou deste tempo para excretar toda a piretrina.

Referência bibliográfica

HAMMOND, K. & LEIKIN, J. B. (2008). Topical pyrethrin toxicity leading to acute-onset stuttering in a toddler. American Journal of Therapeutics, 15(4), pp. 323-4.