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PESQUISE  

Disfonia espasmódica

Médico apalpando garganta de paciente
10/04/2020

Disfonia espasmódica


O que é disfonia espasmódica?

Disfonia espasmódica (ou distonia laríngea) é um distúrbio de voz causado por movimentos involuntários de um ou mais músculos da laringe ou do aparelho vocal. Pessoas com disfonia espasmódica podem ter desde uma dificuldade ocasional para falar uma ou outra palavra até uma dificuldade forte o suficiente para interferir com o andamento da comunicação. A disfonia espasmódica causa interrupções na voz ou altera sua qualidade, fazendo-a adquirir um aspecto tenso, forçado e estrangulado. Há três tipos diferentes de disfonia espasmódica.

Quais são os tipos de disfonia espasmódica?

Os três tipos de disfonia espasmódica são: a adutora, a abdutora e a mista.

Quais são as características da disfonia espasmódica?

Na disfonia espasmódica adutora, espasmos ou movimentos musculares involuntários inesperados levam as pregas vocais (ou cordas vocais) a se fecharem firmemente. Esses espasmos impedem a vibração das pregas vocais e, conseqüentemente, a produção da voz. As palavras são freqüentemente interrompidas ou são difíceis de serem iniciadas em razão dos espasmos musculares. Portanto, a fala pode ficar hesitante e se assemelhar à gagueira. A voz de alguém com disfonia espasmódica adutora é comumente descrita como forçada ou estrangulada e com muito esforço. Surpreendentemente, os espasmos estão normalmente ausentes quando a pessoa sussurra, ri, canta, fala mais fino ou fala durante a inspiração. Por outro lado, situações de estresse tornam os espasmos musculares mais intensos.

Na disfonia espasmódica abdutora, espasmos ou movimentos musculares involuntários inesperados levam as pregas vocais a se abrir. Quando abertas, elas não conseguem vibrar. A posição aberta das pregas vocais permite que o ar escape dos pulmões durante a fala. Como resultado, a voz soa de forma fraca, pouco audível, soprosa e sussurrada. Assim como ocorre com a disfonia espasmódica adutora, os espasmos geralmente estão ausentes em atividades como canto ou riso.

A disfonia espasmódica mista envolve tanto os músculos que abrem as pregas vocais quanto os músculos que as fecham. Sendo assim, essa variante possui características de ambos os tipos de disfonia espasmódica, adutora e abdutora.

Quem é afetado pela disfonia espasmódica?

A disfonia espasmódica pode afetar qualquer pessoa. Os primeiros sinais deste distúrbio são vistos mais freqüentemente em pessoas com idade entre 30 e 50 anos. As mulheres parecem ser mais afetadas pela disfonia espasmódica do que os homens.

O que causa a disfonia espasmódica?

As causas da disfonia espasmódica são incertas. Pelo fato de a voz soar normal ou quase normal em alguns momentos, a disfonia espasmódica já foi atribuída a razões psicogênicas. Acreditava-se que ela surgia como produto da mente da pessoa afetada, em vez de resultar de uma causa física. Embora possam existir formas psicogênicas de disfonia espasmódica, a pesquisa científica vem acumulando evidências de que a maioria dos casos de disfonia espasmódica é de fato neurogênica, ou seja, está relacionada ao sistema nervoso (nervos e encéfalo). A disfonia espasmódica pode ocorrer junto com outros distúrbios de movimento, como blefarospasmo (piscar excessivo e fechamento involuntário e forçado dos olhos), discinesia tardia (movimentos repetitivos e involuntários dos músculos da face, tronco, braços e pernas), distonia oromandibular (movimentos involuntários dos músculos da mandíbula, lábios e língua), torcicolo (movimentos involuntários dos músculos do pescoço) ou tremor (movimentos rítmicos).

Em alguns casos, a disfonia espasmódica pode ocorrer em famílias, o que leva a crer que tenha um componente hereditário. A pesquisa científica identificou um possível gene no cromossomo 9, o qual pode contribuir para que a manifestação da disfonia espasmódica seja comum em certas famílias. Em alguns indivíduos, os sintomas vocais começam logo após uma infecção do trato respiratório superior, uma lesão na laringe, um longo período de uso da voz ou estresse.

Como a disfonia espasmódica é diagnosticada?

O diagnóstico de disfonia espasmódica é normalmente feito com base na identificação do modo como os sintomas evoluíram e também através de um exame cuidadoso do indivíduo. A maioria das pessoas é avaliada por uma equipe que normalmente inclui um otorrinolaringologista (médico especializado em distúrbios do ouvido, nariz e garganta), um fonoaudiólogo (profissional habilitado para diagnosticar e tratar distúrbios de fala, de linguagem e de voz) e um neurologista (médico especializado em distúrbios do sistema nervoso). O otorrinolaringologista examina as pregas vocais em busca de outras possíveis causas para o distúrbio vocal. Nasolaringoscopia por fibra óptica, um método em que um pequeno tubo luminoso é usado para examinar o nariz e a garganta, é o procedimento geralmente utilizado pelo otorrinolaringologista para avaliar o movimento das pregas vocais durante a fala. O fonoaudiólogo avalia a voz e a qualidade vocal do paciente. Já o neurologista avalia o paciente em busca de sinais de outros distúrbios de movimento.

Há tratamento disponível para disfonia espasmódica?

Não há atualmente cura para disfonia espasmódica. Os tratamentos atuais apenas ajudam a reduzir os sintomas deste distúrbio de voz. A terapia vocal pode reduzir alguns sintomas, especialmente nos casos mais leves. Uma operação que corta um dos nervos das pregas vocais (o nervo laríngeo recorrente) melhora a voz de muitas pessoas atingidas pela disfonia espasmódica; no entanto, essa melhora é geralmente temporária, podendo durar de vários meses a vários anos. Algumas pessoas podem se beneficiar de um aconselhamento psicológico, que as ajuda a aceitar o problema e aprender a conviver com ele. Outras ainda podem se beneficiar de um aconselhamento ocupacional, que as ajuda a escolher uma área de trabalho mais compatível com suas limitações de fala.

Atualmente, o tratamento mais promissor para reduzir os sintomas da disfonia espasmódica é a injeção de quantidades muito pequenas de toxina botulínica (botox) diretamente nos músculos afetados da laringe. A toxina botulínica é produzida pela bactéria Clostridium botulinum. É esta a bactéria que se desenvolve no mel e em alimentos enlatados de forma inadequada. A toxina enfraquece a contração dos músculos por bloquear a transmissão do impulso nervoso. As injeções de botox geralmente melhoram a voz por um período de 3 a 4 meses, após o qual os sintomas gradualmente retornam. Novas injeções são necessárias para manter as melhoras na voz. Efeitos colaterais iniciais do botox, que normalmente aliviam após alguns dias ou semanas, podem incluir: fraqueza temporária, voz sussurrada e dificuldades ocasionais de deglutição. O botox pode aliviar os sintomas de ambos os tipos de disfonia espasmódica, adutora e abdutora.

Texto original: Spasmodic Dysphonia
Fonte: National Institute on Deafness and Other Communication Disorders - NIDCD
Tradução: Hugo Silva. Revisão: Sandra Merlo


Exemplos em áudio

O site da National Spasmodic Dysphonia Association disponibiliza exemplos em áudio de disfonia espasmódica adutora e abdutora. Convertermos os arquivos para .mp3 e listamos abaixo:

- Disfonia espasmódica adutora: dificuldades de transição entre as sílabas (devido aos espasmos laríngeos de fechamento), dando a impressão de palavras cortadas; tensão e esforço vocais. Este tipo de disfonia espasmódica pode ser confudida com a gagueira.

- Disfonia espasmódica abdutora: soprosidade e diminuição da intensidade vocal (devido aos espasmos laríngeos de abertura).

Para acessar os arquivos originais (em formato .ram), acesse o site da National Spasmodic Dysphonia Association.